sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Adão Karaí Antunes fala sobre cultura indígena na EBM Osmar Cunha



No dia 05 de novembro de 2010, a Escola Básica Osmar Cunha recebeu o escritor Adão Karaí Tataendy Antunes, na sala de artes da unidade. Crianças, adolescentes e jovens das turmas 42, 45, 61, 72, 73, 74 e 81 a 84 estavam ansiosos para intrevistarem o índio guarani, autor do livro Palavras de Xeramõi. Eles(as) não só haviam lido a obra como também realizaram discuções, promovidas pelos(as) seus(suas) professores(as), sobre diferenças culturais, a partir dessa leitura. Uma das muitas perguntas que fizeram foi por que ele resolveu escrever esse livro? Índio, nascido no município de Quilombo, em Santa Catarina, Adão explicou que sua motivação veio da necessidade de ter um material para alfabetizar, em língua portuguesa, seus(suas) alunos(as) guaranis. Então, fez uma longa pesquisa com pessoas mais velhas da tribo e relembrou histórias contadas por seu avô (xeramõi) , fazendo o registro delas por escrito. A editora Cuca Fresca teve acesso ao material e promoveu a publicação dele. A maioria das perguntas remeteram às diferenças culturais, como em: "_Vocês elegem o pajé ou têm algum ritual para eleger o chefe ou guerreiro?" "_ Por que as meninas só podem namorar depois de menstruar pela 2ª ou 3ª vez, e os meninos depois de aprender a andar na floresta, fazer armadilhas e caçar?" "_Vocês ainda enterram seus mortos no meio da oca?" Adão, que leciona na Escola Indígena Itaty, no bairro Morro dos Cavalos, em Palhoça, não deixou nenhuma questão sem resposta. Ele explicou, por exemplo, que um índio se torna pajé por opção e vai sendo preparado desde quando a faz. O professor também falou que as meninas recebem uma alimentação especial, quando estão menstruadas e que exalam um cheiro diferente durante tal período. A lenda diz que elas podem se transformar em outro animal, caso namorem antes do tempo. Já o menino precisa primeiro aprender a sobreviver sozinho, antes de namorar, para que tenha condições de cuidar de uma família. Muitas outras perguntas, tão interessantes quanto essas, fizeram desse encontro um momento especial e riquíssimo em relação ao conhecimento sobre a cultura indígena. Mais que isto, a grande aprendizagem do dia foi a de conhecer o ponto de vista do "outro" e perceber que é preciso respeitar as culturas diferentes daquela da qual fazemos parte; reconhecer que as diferenças representam tão somente diferenças. Elas não tornam as culturas melhores nem piores, nem mais nem menos importantes umas das outras. O que em geral acontece é que "Narciso acha feio o que não é espelho", como disse Caetano Veloso, no poema Sampa. Agradecemos a Karai Tataendy, nome indígena do escritor, por ter-nos dado a honra de sua presença e pelos importantes esclarecimentos. PARABÉNS a todas as pessoas que se envolveram com a obra e participaram deste encontro, em especial, à bibliotecária Lidyani, pela articulação com os(as) professoras e o escritor.

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