“Encontro de gerações e de culturas”, esta talvez seja o ponto alto do Encontro com o escritor Adão Antunes no dia 29 de agosto.
Adão, por meio de sua obra
palavras do Xeromõi, que reúne mais de uma dezena de lendas dos nossos
antepassados, os índios Guaranis, instigou e trouxe o tom da curiosidade sobre
a vida e os costumes desse povo.
O trabalho realizado pelas
professoras Mirella, Luciana e Elika, fez com que as crianças refletissem sobre
os seus próprios costumes, crenças e trouxe à tona questões bastante
pertinentes sobre quem são essas pessoas, habitantes das nossas terras e
hoje estão espremidos em territórios ínfimos, demarcados pelas rodovias e
grandes empreendimentos da construção civil em todo o Estado.
Além do autor, a família o
acompanhou na visita à escola. Sua esposa fez uma pequena exposição de acessórios
e objetos indígenas confeccionados na aldeia. A sua filha ficou o acompanhando
durante toda a explanação junto às crianças. Dentre as muitas perguntas
realizadas, destacamos algumas que parecem traduzir o encontro dessa quarta-feira:
Quem são os Xeramõis? "
São as pessoas mais velhas e mais sábias da aldeia. Eles são muito respeitados.
Eles são como a biblioteca da escola".
Quanto tempo levou para escrever o livro? O objetivo não era
escrever um livro, mas material didático para os meus alunos que, na sua
maioria não conheciam a língua portuguesa. Além do mais, os pais não aceitavam
os livros didáticos que eram utilizados. Como não tinha material específico,
foi realizada uma pesquisa com as pessoas consideradas mais sábias da aldeia,
os Xeramõis, que durou uns 10 anos (desde 1997) que resultou um material
didático mais condizente com a cultura guarani. Tudo foi escrito num caderno, e
não num computador. O livro surgiu de uma visita da escritora Marta Martins,
proprietária da Editora Cuca fresca, que transformou os escritos nessa obra “
Palavras do Xeramõi”.
Como é viver numa aldeia Indígena? “Meu habitat é a aldeia; eu me
sinto muito bem lá. Eu trabalho na aldeia como professor e com a agricultura”.
Todos os alunos são meus parentes: meus filhos, sobrinhos e netos... Eu sou
quase um Xeramõi ( pessoa mais velha - + de 50 anos – mais sábia)”.
Fale sobre a lenda da menina que virava onça. "Todas as lendas
contadas são as regras que conduzem a convivência do grupo vivente na aldeia. Na
lenda da menina que se transforma em onça, Adão coloca que ela busca mostrar
aos jovens, que quando não somos solidários e não respeitamos as regras de
convivência, como por exemplo: quando um ladrão rouba ou mata alguém, ele deixa
de ser humano e vira um bicho. Não que a pessoa se transforme verdadeiramente
em um animal, mas acontece uma metamorfose espiritual, tornando-se uma ameaça
para a humanidade".
Durante o trabalho realizado com
as crianças, as professoras proporcionaram saídas de estudos à aldeia Guarani,
onde o autor vive. Lá puderam ter subsídios para o trabalho posteriormente
realizado. A professora Mirella e as crianças das turmas 41 e 44 apresentaram
uma reeleitura da obra.
Ela foi realizada junto à sala informatizada, com a
Profª Elika. As crianças, em pequenos grupos escolheram uma lenda e
construíram histórias em quadrinhos; dobraduras dos bichos e painéis. A
professora Luciana e as crianças da turma 43 fizeram ilustrações, organizadas
em um grande caderno a partir da obra lida. Adão foi presenteado com esses
trabalhos e orientado pelas crianças para que as mostrasse em suas aulas para
os seus alunos.
Para finalizar, gostaríamos de
agradecer o acolhimento e a receptividade do Bibliotecário Francisco e das
funcionárias Áurea, Didina e Erací, que nos ofereceram, além de uma boa
conversa, um delicioso café. Além disso, não podemos esquecer-nos da equipe da
cozinha, que nos proporcionou um gostoso almoço. Em especial, agradecemos imensamente a presença do escritor Adão, que nos proporcionou momentos de muito conhecimento e cultura.
Nenhum comentário:
Postar um comentário