As sábias palavras do escritor Flávio José Cardozo, proferidas a um grupo de estudantes de 8ª série da Escola Básica Municipal Anísio Teixeira, no dia 1º de outubro de 2012, ressoaram como verdadeiros ensinamentos para a vida de todas as pessoas presentes àquele encontro.
O convidado foi recebido na Biblioteca, inicialmente, pela
bibliotecária Hilda. Ela lhe apresentou o ambiente, especialmente, o cantinho
da leitura.
Logo a professora Aline também veio ao encontro do escritor
e colocou-o a par do que havia sido preparado para aquele momento.
Nesse clima de aproximação com o autor de Uns papéis que voam, os estudantes da
turma 82 foram entrando e se acomodando nas cadeiras que rodeavam Flávio.
Aline iniciou a conversa agradecendo a visita do escritor e
entregando a ele um livro de crônicas, fruto do exercício de escrita regido
pela comprometida professora, a partir das crônicas lidas no livro de Flávio.
Ele agradeceu a oportunidade e o convite. Elogiou o trabalho
e saudou a professora, dizendo: “_ professor é uma figura que vocês nunca vão
se esquecer. É uma figura central da nossa vida que vocês sempre vão lembrar e saber o
quanto foi importante na vida de vocês”.
Os jovens leitores estavam cheios de questionamentos e
ansiosos para fazê-los. Então a professora deu a palavra a eles.
Tanto as perguntas como a forma com que elas foram expressas
evidenciaram que aqueles jovens leitores conheciam a seleção de crônicas,
publicadas no Diário Catarinense por Flávio e reunidas em Uns papéis que voam.
Além de pertinentes, elas foram muitas:
1- Qual
motivo o levou a escrever este livro?
2- É
muito difícil escrever um livro?
3- Quanto
tempo o senhor demorou para escrever este livro?
4- Com
que idade o senhor viu que queria ser escritor?
5- Com
quantos anos o senhor começou a escrever seus livros?
6- Lendo
a crônica “ficha de emprego”, gostaríamos de saber como o senhor se tornou
cronista?
7- O
senhor pretende escrever outro livro como este só com mais crônicas?
8- No
que o senhor se inspira para escrever seus livros?
9- O
senhor já tirou inspiração de outros livros para escrever os seus?
11- Já
aconteceu com o senhor de estar escrevendo um livro e ter de parar por algum
imprevisto pessoal?
12- Qual
livro que ficou marcado na sua história?
13- Qual
é seu escritor preferido?
14- Qual
foi seu primeiro emprego?
15- O
senhor já deu uma entrevista parecida com a crônica do “ficha de emprego”?
16- O
senhor já fez as pazes com sua mulher no trânsito ou algo parecido como na
crônica “Para-choque”?
18- Aconteceu
a mesma história do “Ao aeroporto” com o senhor?
19- A
crônica “Quero um bico” fala do cara vendendo rosquinhas. O senhor já teve de
vender rosquinhas ou fazer outro bico assim?
20- Na
crônica “Uma palavra” o jornalista pergunta ao entrevistado qual era a palavra
que ele considerava mais bonita. E para o senhor, qual é a palavra mais bonita?
Explicou que, o conceito de difícil
é relativo, que, para quem lê, parece tudo mais difícil. Todo livro tem sua
dificuldade. Esse foi bastante fácil, pois o trabalho maior foi o de reunir e
selecionar textos escritos ao longo de anos e publicados em jornal. “_ Crônica
é um gênero de jornal, em que o autor explora as coisas do dia a dia,
aproveitando fatos do cotidiano, um fato inusitado, qualquer assunto, tudo é
assunto, até a falta de assunto. A preocupação é o fato de envolver o leitor,
sensibilizá-lo. Eu tenho mais uma dúzia de livros de crônicas. Sopé é o último que fiz. Na verdade, é
um álbum de memórias”.
Disse que o livro é como uma árvore
que a gente vai plantando. “_ Escrever
pressupõe um trabalho muito antes, de pensar. O processo de criação é muito de
pensar. A inspiração é 10% e 90% é respiração. Tem que suar. Tem que buscar a
inspiração. O cronista tem que ser divertido, tornar o que é banal em arte,
usar de bom humor, colocar um pouco de poesia. O cronista tem que escrever para
todos, do leitor mais simples ao mais erudito, catedrático”.
Ressaltou que o ensino da linguagem
é fundamental para qualquer profissão que os estudantes venham a exercer.
Para Flávio, a maior obra prima é
Dom Quixote, de Miguel de Cervantes. Mas outros autores marcaram a história
dele, Machado de Assis, Clarice Lispector, Graciliano Ramos, Guimarães Rosa, Sheakspeare,
Fernando Pessoa (genial).
Perguntado se viveu a história da crônica Ao Aeroporto, ele disse: “_ Tudo que o
autor escreve é autobiográfico. Não que tenha sido vivência pessoal. Tudo que a
gente escreve, a gente viveu, seja da nossa vida ou da observação. Tenho que
ser cada personagem que vive na história. Tenho que pensar como eles.”
Foram tantos ensinamentos que não
cabem aqui, mas certamente cabem no coração e na memória de leitura de cada um
daqueles jovens que tiveram a oportunidade de interagir com esse consagrado
escritor catarinense.
Nossos sinceros agradecimentos ao
escritor Flávio José Cardozo por nos ter oferecido uma manhã inesquecível como
aquela, pelas sábias palavras de conscientização da importância da leitura,
especialmente, a literária, nas nossas vidas.
Ao final, a professora Aline e a
bibliotecária Hilda ofereceram um café ao convidado, e foi mais um daqueles
momentos encantadores de aproximação entre o autor e seu público leitor.
PARABÉNS a essas profissionais
responsáveis, competentes e comprometidas com a educação de qualidade. PARABÉNS
à professora Aline pelo brilhante trabalho de motivação para a leitura e de
produção escrita desenvolvido com seus alunos da turma 82.
Ensinamentos de vida, de histórias, de livros, de sabedoria... realmente, foram sábias palavras ditas pelo Flávio naquela manhã chuvosa.
ResponderExcluirObrigada mais uma vez pela atenção e dedicação de vcs, meninas, pois sem isso o clube da leitura não aconteceria desta maneira fantástica.
Com certeza, uma memória que ficará no coração.
Beijo!
Também sou muito curiosa. Quero muito saber que é a outra menina da crônica "Duas meninas".
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