Que lugar é esse, ele existe? Esse talvez seja o sentimento que povoa as nossas almas quando nos deparamos com um lugar mágico e encantado de pessoas especiais, em uma escola, em uma lagoa, em um povoado mergulhado na cultura Ilhéu.
Chegamos de barco, em um típico dia de vento “SULI”, daqueles que fazem onda na lagoa e deixam os nossos narizes gelados. O barqueiro anunciou nossa chegada. Logo fomos arrumando as bolsas e nos preparando para desembarcar em um trapiche bem organizado, com um pequeno telhado, para que os moradores possam acomodar as suas coisas nos dias de chuva.
Vimos uma grande sinergia da escritora
com aquele lugar e com aquelas duas professoras que nos recepcionaram. Pouco a
pouco fomos sendo acolhidas por aquele lugar e pudemos visitar a exposição (desenhos, colagens, maquetes, produção textual, oficinas
de trabalho envolvendo crianças da educação infantil, produção de painel da
Ilha).
Além disso, foram realizadas: roda de leitura, entrevistas com as famílias sobre como a pandorga era introduzida nas brincadeiras e na pesca, volta à Ilha, apresentação na festa junina de um teatro, resultado do trabalho das professoras Elizete, Carolina e Waldirene com a obra.
Para iniciar o encontro, a professora Carolina apresentou um vídeo, demonstrando todas as etapas desse significativo trabalho. As crianças tiveram a oportunidade de fazer algumas perguntas para Eliane, e as professoras relataram a importância do trabalho para a vida daquela comunidade, no resgate das suas raízes culturais.
Uma das perguntas que destacamos foi “qual a inspiração para escrever o livro?”. Eliane respondeu que (parafraseando): “Eu sonhei que estava viajando numa pandorga, Tiago e Raquel estavam comigo. Eu escrevi e guardei, era somente uma historinha. Deixei-a dormindo uns 15 anos. Depois de um tempo, eu reli a história e mostrei para os meus sobrinhos. Eles não gostaram, e isso foi um aprendizado para mim, pois tive que rever o texto. Escrevo para adultos, mas percebi que escrever para o público mais jovem era um desafio. Meus amigos gostaram e me incentivaram a escrever. Inscrevi o livro em um concurso, e ele ganhou um prêmio em dinheiro. Assim foi possível editar o livro.”
O grande destaque desse dia foi a participação efetiva, o tempo todo, dos pais das crianças e também dos demais membros da comunidade, como: o barqueiro, o vizinho da escola que assistiu a tudo do telhado, amigos e parentes de algumas daquelas crianças.
Para abrilhantar ainda mais o encontro, os "atores" da unidade encenaram uma peça teatral, intitulada “ O voo da pandorga”. O teatro foi uma sensação! No pátio da escola, o palco foi montado. Tapetes foram estendidos como arquibancadas dos pequenos e os pais, parentes e amigos acomodados nas pequenas cadeiras da sala de aula. Eliane assistiu a tudo muito atenta e emocionada.
Por muitas vezes, vimos os olhos dela marejados pelo alcance e a transformação proporcionada por sua obra, na vida daquelas crianças e famílias. O depoimento de uma mãe ilustra essa afirmação: “Ele está mais calmo e motivado, agora quer ler e gosta de estar na escola”. “Ele mudou muito em relação à escola e, em casa, não precisa nem mais mandar fazer os deveres.”
Com o Hino de Florianópolis “Rancho de Amor à Ilha”, as crianças entraram em cena: as rendeiras fazendo bilros, as moças faceiras, a lagoa formosa, a figueira, a lua, as flores e os aposentados lendo seus jornais. Logo depois o narrador João Vitor se posiciona e inicia a sua narrativa a partir de um roteiro organizado pelas professoras Elizete, Carolina e Waldirene da obra da escritora Eliane.
Breno e Laura representam Tiago e Raquel, protagonistas da história; Nicolas, Natacha e Kauana nos remetem aos “manezinhos da ilha”, sendo respectivamente os personagens da obra: Seu Manoel, Dona Cota e Cotinha.
Enfim, um encontro que não termina; um encontro que não se acaba. No próximo capítulo, as crianças da Costa viajarão com a pandorga mágica para outro continente. Eliane revelou que “As crianças de Portugal, da Ilha de São Miguel, do Colégio do Castanheiro, querem se corresponder com as crianças da Ilha de Santa Catarina, da Costa da Lagoa; querem saber de suas histórias e aventuras.
Nesse instante, o menino da Costa complementa: “Quem sabe a gente pega a pandorga e vai, sem perda de tempo”.
Agradecemos então as professoras Elizete, Carol e Waldirene, os pais, as crianças, os colaboradores e principalmente a escritora Eliane Veras Veiga por ter escrito essa obra, tão significativa e que, com certeza, torna-se-á uma referência na vida dos nossos pequenos leitores. Ficamos agradecidas pela oportunidade de aprendizado e exemplo de vida e cultura que essa escola nos proporcionou.
Abraços fraternos!!!
Nossa!!! Deve ter sido maravilhoso mesmo. Essa descrição me deixou lamentando não poder ter compartilhado deste momento. Parabéns à escola por ter oportunizado essa experiência tão significativa e enriquecedora aos alunos!! Parabéns também ao Clube da Leitura, este maravilhoso projeto que viabiliza esses momentos em nossas escolas.
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